Normas Internacionais para a Contabilidade
Coluna publicada em 22/01/2001 no Diário Comercial
Há muito tempo vimos insistindo na importância de se adotar uma norma padrão para a contabilidade em nível internacional. Recentemente as grandes empresas multinacionais de auditoria e consultoria se uniram para realizar um levantamento que constatou uma triste realidade para o profissional de contabilidade que precisa adaptar suas demonstrações contábeis para serem compreendidas no exterior – 53 países possuem diferenças significativas em termos de procedimentos contábeis. Isso faz com que o trabalho do profissional seja dobrado, triplicado, quadruplicado, sem falar que, obviamente, isso onera a empresa, que precisa pagar mais caro por um serviço que poderia ser executado uma única vez. Outro detalhe é que essa grande variedade de normas e procedimentos faz com que o profissional habilitado para atender todas essas exigências tenha um nível de especialização elevado e um conhecimento bastante amplo.
Não precisamos mais frisar que a globalização está gerando novas exigências dentro das organizações, do ponto de vista da gestão empresarial, isso já é fato, conhecido por todos. A contabilidade é uma dessas atividades que precisa passar por mudanças em âmbito mundial para que possa acompanhar essas transformações.
A reunião das consultorias em prol da adoção de normas únicas aconteceu em função do Fórum Internacional para Desenvolvimento da Contabilidade, realizado em 1999. A previsão é de instituir as normas internacionais até 2005. É certo que os países que não aderirem a estas normas estarão excluídos de muitos processos, transações internacionais e terão dificuldades para atrair capital internacional. Por isso será fundamental para o Brasil aderir a estas futuras normas.
A Bolsa de Valores de São Paulo pretende adotar nas demonstrações financeiras do novo mercado, as normas da IAS - International Accounting Standards, essas normas são internacionais e o argumento é que não faz sentido para companhias que já divulgam suas informações na rede mundial, continuarem trabalhando com tantas linguagens financeiras diferentes.
A Europa já adota a IAS em função do Euro. Os EUA possuem suas normas, o US GAAP, regidas pelo FASB – Financial Accounting Standard Board. Ou seja, para uma empresa comercializar suas ações na Bolsa de Nova Iorque precisa converter suas demonstrações para os padrões americanos. Corre a informação no mercado de que a Petrobrás precisou de mais de um ano para poder adaptar suas demonstrações para vender suas ações naquele mercado. As normas brasileiras são determinadas pelo Conselho Federal de Contabilidade - CFC, pelo Instituto Brasileiro de Contadores - IBRACON e pela Comissão de Valores Mobiliários – CVM. A falta de cultura de contabilidade e a herança inflacionária faz com que nossas normas não gozem de um bom conceito pelo mercado internacional.
Quem vai vencer a queda de braço e impor suas normas como padrão internacional, IAS ou US GAAP, não podemos prever. O fato é que o mercado precisa de profissionais habilitados para realizar o trabalho de conversão e são poucos ainda que dispõem de conhecimento e experiência. Para trabalhar com uma multinacional americana, por exemplo, o profissional precisa saber converter os balanços brasileiros para US GAAP, já, se o cliente é uma multinacional francesa, a exigência é para o IAS. Ou seja, o melhor é o profissional saber os dois. Atualmente estão disponíveis no mercado, diversos cursos para conversão de balanços. Fique atento e não deixe de conhecer esta matéria.
Até a próxima semana
Fonte: www.contexto-online.com.br